“A árvore dos abraços”
(resumo para dramatização - do livro de José Jorge Letria)
Era uma vez uma árvore silenciosa e discreta, que gostava muito de crianças e de pássaros.
Era uma árvore igual a muitas outras e sem histórias para contar.
Um dia, conheceu uma mãe e um menino que sob a sua copa vieram contar histórias de encantar.
Mas, uma tarde, o menino veio sozinho e sentou-se debaixo da sua copa.
Tinha escolhido aquele sítio para chorar a ausência da mãe, que a doença não poupara.
A árvore quis chorar com ele mas não tinha lágrimas.
Então, estendeu em direcção ao menino os seus ramos mais baixos e apertou-o num enorme abraço.
O menino, sentindo-se protegido, adormeceu, como se estivesse no colo da mãe.
O menino deixou de chorar e de ter pesadelos, por isso decidiu que a árvore seria agora a sua mãe.
Quando a história chegou à cidade, vieram os curiosos, os jornalistas e as televisões.
A história espalhou-se de tal forma que as pessoas solitárias vinham sentar-se debaixo da árvore para serem abraçadas.
Certo dia, vieram homens que queriam derrubar a árvore para construírem uma urbanização.
Mas, todas as pessoas que tinham recebido o consolo dos abraços da árvore, formaram uma muralha humana e impediram o derrube da velha amiga.
A notícia espalhou-se e criou-se um grande negócio à volta da árvore.
Começaram a vender postais, fotografias e até pedaços da casca da árvore dentro de um frasquinho de vidro!
Cansada de tanto falatório, a árvore, sem que ninguém soubesse como nem porquê, secou e morreu. Morreu de pé!
Os seus amigos vieram de muitos lugares para lhe dizerem adeus.
Então, uma nuvem de pássaros ergueu no ar uma grinalda das suas folhas e hastes mais finas.
Acaba assim a história da árvore dos abraços, que nos deu o mais raro dos frutos: o amor.
O amor, que ajuda a vencer as agruras da vida e os sofrimentos do mundo.